Criando Aplicações em
3, 4 ou n Camadas
Chega de preencher formulários!!
Todos sabemos que o uso adequado da tecnologia é um importante
diferencial para alavancar os negócios de uma empresa. Apesar
de todos os livros, artigos, revistas e sites que tratam do assunto,
porque muitas empresas ainda tem seus processos baseados em sistemas
manuais, baseados em "uma montanha de formulários de
papel?"
No início de Junho, voltando de Belo Horizonte (onde ministrei
um treinamento de TCP/IP e Windows 2000 Server) para Porto Alegre,
vim conversando com um gerente de um órgão responsável
por divulgar as novidades tecnológicas e de pesquisa, para
as indústrias do seu setor. Este gerente relatou uma triste
realidade: para cada atendimento ele era obrigado a preencher uma
série de formulários em papel. Dependendo do tipo
de atendimento, alguns destes formulários são enviados
para o seu chefe imediato para aprovação e, uma vez
aprovado, o formulário voltava para ele dar continuidade
ao atendimento. No final do mês o chefe pediu que ele informasse
o número de atendimentos, classificados por tipo e por grau
de conclusividade. Ele não tinha a mínima idéia.
Teve que contar manualmente em uma pilha de papel e fornecer estes
dados, obtidos manualmente, para a secretária do chefe. A
secretária, por sua vez, digitou os dados recebidos em uma
planilha do Excel (mais um ponto para introdução de
erros, a digitação manual) e depois encaminhou a planilha
para análise do Chefe. Observem quantos problemas temos neste
exemplo, onde os processos são manuais e baseados em formulários
de papel:
O gerente ocupa uma boa parte do seu tempo envolvido com preenchimento
de formulários e levantamento manual de dados, ao invés
de fazer trabalho criativo, na busca de melhores soluções
para a sua empresa.
Os números relativos aos atendimentos, chegam com um
mês de atraso para o chefe dos gerentes e ninguém
pode garantir a precisão destes dados. O chefe por sua
vez recebe dados isolados de cada gerente, onde fica difícil
comparar o desempenho de cada gerente.
Existem vários pontos onde podem ser introduzidos erros:
No levantamento manual feito por cada gerente; na digitação
dos dados para criação da planilha; Na análise
de cada planilha individualmente, a qual não dá
uma visão do todo.
Embora possa parecer caótica demais, esta é a situação
na qual encontram-se muitas empresas – privadas e públicas.
O mais interessante é que estas empresas, na maioria das
vezes, refletem a mentalidade da sua Administração
em relação à Tecnologia da Informação
(TI). Nestas empresas normalmente a TI é considerada apenas
um mal necessário, um centro de custos que pouco ou nada
pode fazer para alavancar os negócios da empresa. Estas são
as empresas onde existem "infinitos" níveis hierárquicos,
onde os funcionários são rigidamente controlados e
somente podem se dirigir aos seus chefes imediatos. Onde a criatividade
não é incentivada, pelo contrário, é
vista como desobediência.
Um primeiro passo em direção
a eficiência:
Muitas empresas já deram importantes passos na busca de maior
eficiência, através do uso adequado da TI. Estas são
empresas que já possuem um certo grau de conscientização
em relação ao papel da TI e da importância do
alinhamento da equipe de TI em relação aos objetivos
e ao negócio da empresa. Normalmente estas empresas já
informatizaram alguns sistemas, normalmente usando o modelo Cliente/Servidor
de duas camadas.
Porém alguns erros, digamos "graves"
são cometidos nesta etapa:
O modelo Cliente/Servidor é de difícil manutenção,
pois as funções de interface e da lógica
do negócio são responsabilidade do programa instalado
em cada estação de trabalho. Uma simples mudança
na interface ou em uma regra da lógica do negócio
faz com que seja necessária uma atualização
do programa cliente em todas as estações de trabalho
da rede da empresa.
Muitos sistemas foram criados para atender necessidades departamentais
e os diversos sistemas existentes não estão integrados.
Pior ainda, os vários sistemas utilizam modelos de dados
diferentes e, muitas vezes, tecnologias diferentes. Aí,
por exemplo, um cliente tem o seu endereço alterado no
sistema de contabilidade e a seção de relacionamento
com o cliente continua enviando uma mala direta para o endereço
antigo.
Antes de iniciar o processo de informatização
não foi feito uma análise e reestruturação
dos processos internos. Só existe uma coisa pior do que
não usar adequadamente a Tecnologia da Informação:
usá-la para informatizar a burocracia de processos mal
planejados. Neste caso você somente será capaz
de "fazer a besteira" de uma maneira mais rápida.
As tecnologias Web oferecem uma solução
satisfatória:
Como uma evolução do modelo em duas camadas surge
a proposta de desenvolvimento do modelo em três camadas (para
maiores detalhes veja o Capítulo 1 do meu livro: ASP.NET:
Uma nova Revolução na Criação de Sites
e Aplicações Web e também a revista Developers
Magazine número 69 de Maio/2002), onde a lógica do
aplicativo é deslocada para o Servidor de Aplicações.
Mas neste modelo ainda temos o problema da interface ser representada
por um programa instalado em cada estação de trabalho
da rede. Uma simples alteração de interface exige
a atualização do sistema em todas as estações
de trabalho da rede.
Neste ponto é que começa a adoção do
modelo de desenvolvimento Web também para o desenvolvimento
dos sistemas internos da empresa, onde a interface dos aplicativos
é criada na forma de páginas HTML em um servidor de
páginas. Para integrar as páginas com os Servidores
de Aplicação, onde estão os objetos responsáveis
pela lógica do negócio; e com os dados residentes
em bancos de dados, utilizam-se tecnologias como ASP.NET da Microsoft
ou PHP, JSP e até mesmo linguagens mais antigas como scripts
Perl baseados em CGI. Com este modelo, chamado, por alguns autores,
de modelo de n camadas, tudo o que o cliente precisa para acessar
os sistemas da empresa é um navegador instalado na sua estação
de trabalho. Com estes modelos os aplicativos são facilmente
integrados. Fica fácil criar aplicações de
Workflow, onde formulários eletrônicos são encaminhados,
automaticamente, para os seus responsáveis. Para possibilitar
a integração entre os sistemas e o correto roteamento
de mensagens e formulários, utilizam-se tecnologias de email,
como Exchange Server da Microsoft ou o servidor Domino da Lotus.
A criação de um modelo único de dados também
é possível graças a utilização
da linguagem XML – Extended Markup Language, a qual é
amplamente adotada por empresas do mundo todo.
São muitos os benefícios da utilização
do modelo de desenvolvimento Web. Inicia pela facilidade na integração
dos aplicativos internos da empresa, passando pela possibilidade
de integração com os sistemas dos clientes e fornecedores,
através da criação de uma Extranet. E você
amigo profissional de TI, o que pode fazer para ajudar a sua empresa
a migrar para um modelo de desenvolvimento baseado na Web: Se a
sua empresa for do tipo que dá liberdade a todos os funcionários
você pode até enviar um email diretamente para o presidente
da empresa, mas se a sua empresa for do tipo com "infinitos"
níveis hierárquicos, o seu trabalho será mais
árduo, mas ainda possível. O importante é fazer
alguma coisa para que, quem sabe um dia, você nunca mais precise
preencher um formulário em papel. Nas próximas colunas
detalharemos as tecnologias citadas nesta coluna.
Em primeiro lugar: O Inferno
Na coluna do mês passado falamos sobre como o uso da Tecnologia
da Informação pode ajudar a melhorar a produtividade,
através da automação de uma série de
rotinas administrativas. A partir desta coluna faremos um histórico,
iniciando no modelo de desenvolvimento, infelizmente, ainda muito
utilizado, até chegarmos na proposta de um modelo mais eficiente,
baseado em tecnologias Web.
Nesta coluna apresentaremos os problemas do tradicional modelo Cliente/Servidor
de duas camadas. Nas próximas colunas iremos analisar as
alternativas, até chegarmos ao modelo de n Camadas, baseado
totalmente em tecnologias Web.
A complexidade de gerenciamento do modelo
Cliente/Servidor e aplicações de 2 camadas.
O modelo Cliente/Servidor, foi criado tendo como base a descentralização
dos dados e recursos de processamento, em oposição
ao modelo Centralizado utilizado na época em que o Mainframe
dominava absoluto. No modelo Cliente/Servidor, conforme indicado
pela Figura 1, em uma rede de computadores, existem uma ou mais
máquinas que atuam como Servidores, disponibilizando recursos
para as demais máquinas, as quais atuam como Clientes.
Figura 1 O Modelo Cliente/Servidor tradicional.
Conforme pode ser visto na Figura 1, temos Servidores para Arquivos,
Banco de dados e outras funções, tais como: Servidores
de impressão, Servidores Web, etc. Estas redes, tipicamente,
são formadas por Servidores, os quais são equipamentos
com um maior poder de processamento e armazenamento do que os clientes,
os quais, na maioria dos casos, são Microcomputadores ligados
em rede.
Aplicações em 2 camadas.
No início da utilização do modelo Cliente/Servidor,
as aplicações foram desenvolvidas utilizando-se um
modelo de desenvolvimento em duas camadas. Neste modelo, um programa,
normalmente desenvolvido em um ambiente de desenvolvimento, como
o Visual Basic, Delphi ou Power Builder, é instalado em cada
Cliente. Este programa acessa dados em um servidor de Banco de dados,
conforme ilustrado na Figura 2:
Figura 2 O Modelo de desenvolvimento em
duas camadas.
No modelo de duas camadas, temos um programa que é instalado
no Cliente, programa esse que faz acesso a um Banco de dados que
fica residente no Servidor de Banco de dados. Na maioria dos casos,
a máquina do Cliente é um PC rodando Windows, e a
aplicação Cliente é desenvolvida utilizando-se
um dos ambientes conhecidos, conforme citado anteriormente. Sendo
a aplicação Cliente, um programa para Windows (na
grande maioria dos casos), esta deve ser instalada em cada um dos
computadores da rede, que farão uso da aplicação.
É o processo de instalação normal, para qualquer
aplicação Windows. No modelo de 2 camadas, a aplicação
Cliente é responsável pelas seguintes funções:
Apresentação: O Código
que gera a Interface visível do programa, que é
utilizada pelo usuário para acessar a aplicação,
faz parte da aplicação Cliente. Todos os formulários,
menus e demais elementos visuais, estão contidos no código
da aplicação Cliente. Caso sejam necessárias
alterações na interface do programa, faz-se necessária
a geração de uma nova versão do programa,
e todos os computadores que possuem a versão anterior,
devem receber a nova versão, para que o usuário
possa ter acesso as alterações da interface. Aí
que começam a surgir os problemas no modelo de 2 camadas:
Uma simples alteração de interface, é suficiente
para gerar a necessidade de atualizar a aplicação,
em centenas ou milhares de computadores. O gerenciamento desta
tarefa, é algo extremamente complexo e de custo elevado.
Lógica do Negócio: Aqui estão
as regras que definem a maneira como os dados serão acessados
e processados, as quais são conhecidas como "Lógica
do Negócio". Fazem parte das Regras do Negócio,
desde funções simples de validação
da entrada de dados, como o cálculo do digito verificador
de um CPF, até funções mais complexas,
como descontos escalonados para os maiores clientes, de acordo
com o volume da compra. Questões relativas a legislação
fiscal e escrita contábil, também fazem parte
da Lógica do Negócio. Por exemplo, um programa
para gerência de Recursos Humanos, desenvolvido para a
legislação dos EUA, não pode ser utilizado,
sem modificações, por uma empresa brasileira..
Alterações nas regras do negócio são
bastante freqüentes, ainda mais com as repetidas mudanças
na legislação do nosso país. Com isso,
faz-se necessária a geração de uma nova
versão do programa, cada vez que uma determinada regra
muda, ou quando regras forem acrescentadas ou retiradas. Desta
forma, todos os computadores que possuem a versão anterior,
devem receber a nova versão, para que o usuário
possa ter acesso as alterações . Mais problemas
com o modelo de 2 camadas: Qualquer alteração
nas regras do negócio, é suficiente para gerar
a necessidade de atualizar a aplicação, em centenas
ou milhares de computadores. O gerenciamento desta tarefa, é
algo extremamente complexo e de custo elevado.
A outra camada, vem a ser o Banco de dados,
o qual fica armazenado em Servidor da rede. Uma aplicação
desenvolvida em Visual Basic, a qual acessa um Banco de dados
em um servidor Microsoft SQL Server, é um típico
exemplo de uma aplicação em 2 camadas.
Com a evolução do mercado e as alterações
da legislação, mudanças nas regras do negócio
são bastante freqüentes. Com isso o modelo de duas camadas,
demonstrou-se de difícil manutenção e gerenciamento,
além de apresentar um custo de propriedade muito elevado.
Isto sem contar com o problema conhecido como "DLL Hell"
(Inferno das DLLs), onde diferentes aplicativos, instalam diferentes
versões da mesma DLL e um conflito é gerado. É
o caso típico onde a instalação de um programa,
faz com que um ou mais programas, instalados anteriormente, deixem
de funcionar. Em resumo, como diria um famoso comediante: "Uma
verdadeira visão do Inferno". Inferno para o usuário,
que não tem os programas funcionando como deveriam; inferno
para a equipe de desenvolvimento que não tem o seu trabalho
reconhecido e, normalmente, tem que trabalhar apenas "apagando
incêndios"; e inferno para a Administração/Gerência
da rede que não consegue gerar os resultados esperados pela
Administração da empresa, apesar dos elevados valores
já investidos.
Pode parecer difícil de acreditar, mas um grande número
de empresas ainda tem a maioria dos seus aplicativos baseados no
modelo Cliente/Servidor de 2 camadas. Em busca de soluções
para os problemas do modelo de duas camadas, é que surge
a proposta do modelo de 3 camadas.
Rumo ao Paraíso
Até agora falamos sobre o uso adequado da TI para melhorar
a produtividade e sobre o tradicional modelo Cliente/Servidor em
duas camadas. Encerramos com o seguinte parágrafo:
"Em
busca de soluções para os problemas do modelo de duas
camadas, é que surge a proposta do modelo de 3 camadas."
Então é chegada a hora de falarmos sobre as propostas
do modelo de 3 ou mais camadas.
Vamos entender os benefícios do modelo em 3 ou mais camadas,
em relação ao tradicional modelo Cliente/Servidor
de duas camadas.
Aplicações em 3 camadas
Como uma evolução do modelo de 2 camadas, surge, com
o crescimento da Internet, o modelo de três camadas. A idéia
básica do modelo de 3 camadas, é
"retirar"
as Regras do Negócio do cliente e centralizá-las em
um determinado ponto, o qual é chamado de Servidor de Aplicações.
O acesso ao Banco de dados é feito através das regras
contidas no Servidor de Aplicações. Ao centralizar
as Regras do Negócio em um único ponto, fica muito
mais fácil a atualização destas regras. A Figura
3, nos dá uma idéia geral do modelo em 3 camadas:
Figura 3 O Modelo de desenvolvimento em
três camadas.
Todo o acesso do cliente ao Banco de dados, é feito de acordo
com as regras contidas no Servidor de aplicações.
O cliente não tem acesso direto ao Banco de dados, sem antes
passar pelo servidor de aplicações. Com isso as três
camadas são as seguintes:
Apresentação: Continua no programa
instalado no cliente. Alterações na Interface
do programa, geram a necessidade de atualizar a aplicação
em todos os computadores, onde esta está sendo utilizada.
Porém cabe ressaltar, que alterações na
interface, são menos freqüentes do que alterações
nas regras do negócio.
Lógica: São as regras do negócio,
as quais determinam de que maneira os dados serão utilizados.
Esta camada foi deslocada para o Servidor de aplicações.
Desta maneira, quando uma regra do negócio for alterada,
basta atualizá-la no Servidor de aplicações.
Após a atualização, todos os usuários
passarão a ter acesso a nova versão, sem que seja
necessário reinstalar o programa em cada um dos computadores
da rede. Vejam que ao centralizar as regras do negócio
em um Servidor de aplicações, estamos facilitando
a tarefa de manter a aplicação atualizada.
Dados: Nesta camada temos o servidor de Banco
de dados, no qual reside toda a informação necessária
para o funcionamento da aplicação. Cabe ressaltar,
novamente, que os dados somente são acessados através
do Servidor de aplicação, e não diretamente
pela aplicação Cliente.
Com a introdução da camada de Lógica, resolvemos
o problema de termos que atualizar a aplicação, em
centenas ou milhares de computadores, cada vez que uma regra do
negócio for alterada. Porém continuamos com o problema
de atualização da aplicação, cada vez
que forem necessárias mudanças na Interface. Por isso
que surgiram os modelos de n-camadas. Agora vamos falar um pouco
sobre o modelo de 4 camadas.
Aplicações em quatro camadas
Como uma evolução do modelo de três camadas,
surge o modelo de quatro camadas. A idéia básica do
modelo de 4 camadas, é retirar a apresentação
do cliente e centralizá-las em um determinado ponto, o qual
na maioria dos casos é um servidor Web. Com isso o próprio
Cliente deixa de existir como um programa que precisa ser instalado
em cada computador da rede. O acesso a aplicação,
é feito através de um Navegador, como o Internet Explorer
ou o Netscape Navigator. A Figura 4, nos dá uma idéia
geral do modelo em quatro camadas:
Figura 4 - O Modelo de desenvolvimento
em quatro camadas.
Para acessar a aplicação, o cliente acessa o endereço
da aplicação, utilizando o seu navegador. Por exemplo
http://www.empresa-abc.com/sistemas/cadastro.asp . Todo o acesso
do cliente ao Banco de dados, é feito de acordo com as regras
contidas no Servidor de aplicações. O cliente não
tem acesso direto ao Banco de dados, sem antes passar pelo servidor
de aplicações. Com isso as quatro camadas são
as seguintes:
Cliente: Nesta caso o Cliente é o Navegador utilizado
pelo usuário, quer seja o Internet Explorer, quer seja
o Netscape Navigator, ou outro Navegador qualquer.
Apresentação: Passa para o Servidor Web. A interface
pode ser composta de páginas HTML, ASP, ou qualquer outra
tecnologia capaz de gerar conteúdo para o Navegador.
Com isso alterações na interface da aplicação,
são feitas diretamente no servidor Web, sendo que estas
alterações estarão, automaticamente, disponíveis
para todos os Clientes. Com isso não existe a necessidade
de reinstalar a aplicação em todos os computadores
da rede cada vez que uma alteração for feita na
camada de apresentação. Fica muito mais fácil
garantir que todos estão acessando a versão mais
atualizada da aplicação. A única coisa
que o cliente precisa ter instalado na sua máquina, é
o Navegador. O acesso ao Banco de dados, é feito através
do Servidor de aplicações.
Lógica: São as regras do negócio, as
quais determinam de que maneira os dados serão utilizados.
Esta camada está no Servidor de aplicações.
Desta maneira, quando uma regra do negócio for alterada,
basta atualizá-la no Servidor de aplicações.
Após a atualização, todos os usuários
passarão a ter acesso a nova versão, sem que seja
necessário reinstalar o programa em cada um dos computadores
da rede. Vejam que ao centralizar as regras do negócio
em um Servidor de aplicações, estamos facilitando
a tarefa de manter a aplicação atualizada.
Dados: Nesta camada temos o servidor de Banco de dados, no
qual reside toda a informação necessária
para o funcionamento da aplicação.
Com o deslocamento da camada de apresentação para
um Servidor Web, resolvemos o problema de termos que atualizar a
aplicação, em centenas ou milhares de computadores,
cada vez que a interface for alterada. Neste ponto a atualização
das aplicações é uma tarefa mais gerenciável,
muito diferente do que acontecia no caso do modelo em duas camadas.
Os servidores de Aplicação, servidor Web e servidor
de Banco de dados, não precisam, necessariamente, ser servidores
separados, isto é, uma máquina para fazer o papel
de cada um dos servidores. O conceito de servidor de Aplicação,
Web ou Banco de dados, é um conceito relacionado com a função
que o servidor desempenha. Podemos ter, em um mesmo equipamento,
um Servidor de aplicações, um servidor Web e um servidor
de Banco de dados. Claro que questões de desempenho devem
ser levadas em consideração.
Bem, a evolução é um processo contínuo.
O próximo passo desta evolução, na busca de
maior eficiência no acesso às informações
é a implementação de Portais Corporativos.
Portais Corporativos – Você Ainda
Vai Ter Um
Até agora falamos sobre o uso adequado da TI para melhorar
a produtividade, sobre o tradicional modelo Cliente/Servidor em
duas camadas e sobre o modelo de desenvolvimento em n camadas como
solução para os problemas do tradicional modelo Cliente
Servidor. Encerramos último tópico com o seguinte
parágrafo:
"Bem, a evolução é
um processo contínuo. O próximo passo desta evolução,
na busca de maior eficiência no acesso às informações
é a implementação de Portais Corporativos."
Então é chegada a hora de falarmos um pouco sobre
Portais Corporativos. Vamos entender qual a proposta e os benefícios
da implementação de um Portal Corporativo. Nessa item
apresentarei uma visão geral. Em um dos próximos tutoriais
entrarei em detalhes sobre Portais Corporativos.
Nem tudo são flores
O modelo em 3 ou mais camadas (discutido na coluna anterior) traz
a tecnologia e o modelo de desenvolvimento Web para dentro da empresa.
A partir do uso desse modelo de desenvolvimento, as empresas conseguem
implementar aplicações robustas e seguras, e ao mesmo
tempo fáceis de instalar e manter atualizadas. Porém
não podemos esquecer que existem dezenas, muitas vezes centenas
de sistemas baseados em modelos mais antigos como o Mainframe ou
o tradicional modelo Cliente/Servidor. A questão é:
O que fazer com essas aplicações?
Obviamente que o ideal seria reescrever todas as aplicações
para o modelo em 3 ou mais camadas. Mas temos que levar sempre em
consideração a relação custo x benefícios.
Sem dúvidas que novas aplicações devem ser
desenvolvidas com base nos modelos de n camadas, baseadas em tecnologia
Web. Mas será que realmente é necessária a
adaptação imediata de todas as aplicações
já existentes? Na prática nós sabemos que não.
O que acontece é que a empresa continua utilizando os diversos
sistemas disponíveis, não por opção,
mas pelas necessidades do trabalho diário. Na prática
temos, na mesma empresa, o convívio de aplicações
baseadas em Mainframe, aplicações baseadas no modelo
Cliente/Servidor e novas aplicações baseadas no modelo
em 3 ou mais camadas. Manter e integrar essa diversidade de sistemas
é um desafio, no mínimo, gigantesco.
Nesse cenário temos as informações, matéria
prima mais importante para a empresa, "espalhada" através
dos diversos sistemas da empresa. Nem mesmo o acesso às aplicações
disponíveis é uma tarefa fácil. Primeiro o
usuário tem que descobrir que existe um aplicativo que faz
o que ele quer, depois ele tem que descobrir quem é o responsável
pela instalação e manutenção e, por
último, precisa aprender a utilizar o programa. Além
disso o usuário precisa utilizar diferentes aplicativos para
acessar as informações necessários:
Um Emulador de Terminal para acessar os sistemas do Mainframe.
Um Navegador para acessar os sistemas baseados em tecnologia
Web de n camadas.
Diversos programas baseados na arquitetura Cliente/Servidor,
onde cada aplicativo é um programa diferente, instalado
no computador do usuário.
Onde é que os Portais Corporativos
entram nessa história??
A idéia dos portais corporativos surgiu a partir da criação
dos portais da Internet, tais como o Yahoo, UOL, Terra, etc. Se
estes portais facilitam o acesso do usuário às informações
da Internet, porque não facilitariam o acesso às informações
internas da empresa?
A idéia do Portal Corporativo é criar um ponto de
acesso único, a todas as informações e aplicativos
que o usuário precisa para realizar o seu trabalho diário.
Através do Portal o usuário deve ter acesso a todas
as informações necessárias, aos aplicativos
disponíveis, a treinamentos OnLine, a orientações
para o seu trabalho.
Além de ter acesso às informações disponíveis,
os usuários também devem dispor de ferramentas que
permitam o compartilhamento da informação. É
comum a criação de comunidades virtuais e comunidades
de práticas que funcionam diretamente no Portal Corporativo.
Um dos principais objetivos dessas comunidades é facilitar
a troca de informações entre seus participantes. Ao
mesmo tempo em que existe a troca, também existe o registro/captura
dessa informação. Isso é benéfico para
toda a empresa, pois informação compartilhada através
do portal é informação disponível, diferente
de quando a informação está apenas na "cabeça"
dos funcionários.
A medida que o Portal Corporativo começa a ter maior aceitação,
com o conseqüente aumento no número de acessos, é
possível começar a pensar na migração
dos sistemas legados para a o modelo Web de três camadas.
Em muitos casos nem é necessário a migração
das aplicações, apenas fornecer o acesso através
do Portal. Por exemplo, o banco no qual sou correntista, mantém
toda a sua base de dados no Mainframe. Porém eu consulto
saldo, extrato e faço pagamentos através de uma aplicação
Web de n camadas. O Navegador é o meu cliente, existe um
servidor de aplicações na qual estão as regras
do negócio e, através desse servidor de aplicações
é que são acessados os dados do Mainframe. Para mim,
do ponto de vista do usuário, não faz a mínima
diferença o fato dos dados estarem no Mainframe ou em um
servidor Intel rodando o SQL Server ou ORACLE ou outro banco de
dados qualquer.
Um dos principais objetivos do Portal Corporativo é facilitar
o trabalho dos funcionários, disponibilizando as informações
e ferramentas que eles necessitam. Um expressão que ficou
muito famosa, encontrada em muitos artigos, é a seguinte:
"A informação certa, para a pessoa certa no
momento certo." Portais bem projetados e focados nas reais
necessidades dos usuários, são capazes de vencer o
desafio de fornecer as informações corretas, quando
necessárias, para quem delas precisar.
A criação de um Portal Corporativo não é
uma tarefa trivial. O fator Humano é muito importante. O
Portal precisa ser projetado tendo como base as necessidades dos
usuários. É importante entender como as pessoas realizam
o seu trabalho e projetar um Portal que faça sentido do ponto
de vista do usuário comum e não do ponto de vista
da equipe técnica. O usuário tem que poder acessar
e pesquisar as informações usando diferentes caminhos.
Algumas perguntas importantes são: O que os usuários
precisam saber? Quais as fontes de conhecimento que os usuários
utilizam ou poderiam utilizar no futuro? Como os usuários
devem procurar por elas? Será que o Portal Corporativo será
intuitivo para o usuário? Qual será o impacto do Portal
Corporativo no aprendizado e na tomada de decisões?
Observem que todo o foco é voltado para o usuário.
Se este não perceber valor no portal, como um elemento facilitador
do seu trabalho diário, será muito pouco provável
que o processo venha a ter sucesso. É preciso envolver os
funcionários, "vender a idéia do portal",
mostrando, através de exemplos práticos, que o Portal
Corporativo é uma ferramenta que pode ajudar muito no trabalho
diário de cada um. O Portal precisa fornecer aos usuários
bons motivos para que estes visitem o portal todos os dias. Percebem
o tamanho deste desafio???
Neste tópico apresentei apenas a idéia inicial do
Portal Corporativo. Em um dos próximos tutoriais irei abordar
um pouco mais sobre esse tema. Se você já quiser ir
se interando sobre o assunto, recomendo o excelente livro "Portais
Corporativos", do Professor José Cláudio Cyrineu
Terra.
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webmaster@juliobattisti.com.br
ou diretamente através do site
www.juliobattisti.com.br,
para enviar os seus comentários, críticas e sugestões.
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